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Vasistas

O nó da morte já amarrou o meu corpo

Por sorte, ainda tenho um último sopro


Não há o que relevar, mas sim muito a revelar

Tenho lábios sôfregos e joelhos trôpegos


Olho para trás e não encontro paz

O ódio é um sentimento tão ignóbil

A ele eu escolhi, agora entendo o que colhi

Nefasta eira, triste destino na hora derradeira


Me portei com fleuma quando devia causar celeuma

Ao invés do punho em riste, escolhi o olhar triste

Devia riscar o verbo desistir e ser capaz de insistir

Devia deixar a timidez e abraçar a intrepidez


Chego ao final da vida desejando uma nova lida

Desejando um nome célebre, mas olvidado de forma célere

Amiúde me escondi em vis trajes que me cobriram de ultrajes

Acumulei fracassos desvirtuando os meus passos


Sinto apreensão, sobre o meus olhos verte-se a escuridão

Chego aos umbrais da eternidade sem saber a verdade

Serei recebido por Atena para gozar tranquilidade plena?

Ou me aguarda Hades, aquele que pune eternamente os covardes?


Não há uma nova história

Apenas a conclusão inglória

Não há um amanhã, um futuro

Apenas a escuridão do túmulo


Sou Ozymandias nas areias do esquecimento

Sou o imortal Aquiles no seu último alento

Sou Jeremias afogado em eternos lamentos

Sou mais uma palha lançada ao léu do vento


Vasistas, a janela que se abre para dentro

Não entra luz para amainar o meu tormento


O nó da morte já amarrou o meu corpo

Esse foi o meu último sopro

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