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Arqueologia do Coração - Um poema sobre 2022

Nesse ano, fui arqueólogo do meu coração


A infindável jornada interior me trouxe inquietação

Muitas vezes me senti em um lugar ermo, andando a esmo


Foram 365 batalhas contra partes de mim mesmo

Em suma, mais vitórias que derrotas e isso é o que importa


Mesmo sem saber o que havia do outro lado, atravessei portas

Elas se fecharam atrás de mim e vi isso como uma coisa boa


Virei as costas para crenças, convicções e pessoas

Se eu estava certo, só o tempo irá dizer


De alguma forma comecei a trocar o verbo “Esperar” por “Fazer”

E entendi que aguardar condições ideais era loucura


Nem todas as dores que vivi nesse ano tiveram cura

Mas nunca deixei de dar um passo adiante, sem pressa, sem pausa


Percebi que comportamentos errados da minha parte tinham causa

E que negar a minha responsabilidade neles apenas me atrasava


Comecei a olhar nos olhos de cada fantasma que me assombrava

E compreendi que eles só tinham poder com o meu consentimento


Descobri a profundidade e a beleza do idioma do silêncio

Mas confesso que nessa língua ainda estou longe da fluência


Lancei luz sobre partes obscuras da minha consciência

Passei a tratar as feridas abertas e aceitar cada cicatriz


Aprendi que, no latim, Personalidade e Máscara vêm da mesma raiz

Desde então me pergunto se tenho confundido ambas na minha vida


Expus a minha mente à experiências das quais ela estava desprovida

Arriscando mais, sem me sentir constrangido por erros e tropeços


Pelas coisas simples aprendi a ter apreço

Comecei a ponderar sobre a desenfreada busca por mais


Parei de me importar com o meneio de cabeça e a aprovação dos demais

Passei a ter cuidado com bajulações e elogios falsos


Na terra e no tatame andei com os pés descalços

Pisei em terreno desconhecido, dancei com a sorte


Ao entrar no pórtico deste novo ano também reflito sobre a morte

Eu sei que ela está à espreita, aguardando o momento certo


Quando a minha alma passar para o plano eterno

Não quero ter mágoas ou arrependimentos


Mais 365 dias para cumprir esse intento

 

Obs: Esse poema tem 2022 caracteres


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