Nesse ano, fui arqueólogo do meu coração
A infindável jornada interior me trouxe inquietação
Muitas vezes me senti em um lugar ermo, andando a esmo
Foram 365 batalhas contra partes de mim mesmo
Em suma, mais vitórias que derrotas e isso é o que importa
Mesmo sem saber o que havia do outro lado, atravessei portas
Elas se fecharam atrás de mim e vi isso como uma coisa boa
Virei as costas para crenças, convicções e pessoas
Se eu estava certo, só o tempo irá dizer
De alguma forma comecei a trocar o verbo “Esperar” por “Fazer”
E entendi que aguardar condições ideais era loucura
Nem todas as dores que vivi nesse ano tiveram cura
Mas nunca deixei de dar um passo adiante, sem pressa, sem pausa
Percebi que comportamentos errados da minha parte tinham causa
E que negar a minha responsabilidade neles apenas me atrasava
Comecei a olhar nos olhos de cada fantasma que me assombrava
E compreendi que eles só tinham poder com o meu consentimento
Descobri a profundidade e a beleza do idioma do silêncio
Mas confesso que nessa língua ainda estou longe da fluência
Lancei luz sobre partes obscuras da minha consciência
Passei a tratar as feridas abertas e aceitar cada cicatriz
Aprendi que, no latim, Personalidade e Máscara vêm da mesma raiz
Desde então me pergunto se tenho confundido ambas na minha vida
Expus a minha mente à experiências das quais ela estava desprovida
Arriscando mais, sem me sentir constrangido por erros e tropeços
Pelas coisas simples aprendi a ter apreço
Comecei a ponderar sobre a desenfreada busca por mais
Parei de me importar com o meneio de cabeça e a aprovação dos demais
Passei a ter cuidado com bajulações e elogios falsos
Na terra e no tatame andei com os pés descalços
Pisei em terreno desconhecido, dancei com a sorte
Ao entrar no pórtico deste novo ano também reflito sobre a morte
Eu sei que ela está à espreita, aguardando o momento certo
Quando a minha alma passar para o plano eterno
Não quero ter mágoas ou arrependimentos
Mais 365 dias para cumprir esse intento
Obs: Esse poema tem 2022 caracteres
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