Mundo veloz
Vamos! Depressa!
Números, fluxos
Decolagem, aterrisagem
Idas e vindas
Quilômetros por hora, metros por segundo
Adiantado, atrasado
Café, energético
Dopamina, adrenalina
Mundo corrido
Celeridade, pontualidade
A rotina é meu guia
A repetição está presente
Leio o jornal do dia, arauto da má notícia
Minha dose diária de realidade
Não, a realidade não vem em gotas
Vem como uma sequência de golpes rápidos
Corrida de ratos
Mundo andante
Toda caminhada é programada
Ando para dar voltas no parque, na praça
Caminhar sem direção parece tão natural
Mas soa tão sem graça
Não me dou o direito de dar passos tranquilos
Com a mente vazia e o corpo ereto
Não sei o que é pisar na terra
O meu solo é ferro, asfalto, metal, concreto
Mundo lento
Por que os idosos são lentos?
Por que os idosos são sábios?
Será que a sabedoria é cultivada na calma
Na paciência, na quietude da alma?
É por isso que a Terra gira tão devagar?
É por isso que a semente demora tanto para germinar?
Talvez por isso a tartaruga venceu a corrida
O essencial não é a velocidade, é a direção, o rumo da vida
Mundo parado
Olho no espelho, olho pra dentro
Quem sou eu? Que casa é essa?
Não me acostumei com a minha companhia
Estou me conhecendo ainda, só sei que sinto um vazio
Logo eu, quem diria?
Sinto saudade dos momentos que vivi
Do abraço apertado, do beijo sincero
Da palavra que eu não falei, da atitude que eu não tomei
Eu parado
Dói o medo de não ter uma nova chance.
Deixei pra outro dia, mas e se esse dia não chegar?
Bem que me avisaram. Mas calma, esse dia vai chegar
O dia em que as máscaras vão cair da nossa face
Agora eu entendo, a verdade me libertou
O mundo gira no seu eixo, como sempre ocorreu
Não foi ele quem parou
Fui eu
Comments