Os gregos contam a história de um titã chamado Cronos
Caçula do Céu e da Terra, considerado o deus do Tempo
Filho rebelde que atacou o seu pai, assumindo o trono
E ficou famoso por fazer das suas crias, o seu alimento
Talvez uma analogia chocante de como o Tempo é voraz
Eras, impérios e reinos habitam o seu ventre
Onipresente, vemos o seu rosto quando miramos para trás
E também está presente quando olhamos para frente
O Tempo é paradoxo, um enigma inescrutável
Tentar decifrá-lo não é um trabalho óbvio
Conduz à morte, mas suaviza a dor de forma afável
Qual a sua forma: Clepsidra, Ampulheta ou Relógio?
Físicos questionam se ele é absoluto ou relativo
Filósofos ponderam se ele é eterno ou finito
Financistas discutem se ele é discreto ou contínuo
Das suas três faces, o Passado é a mais nítida e evidente
Detentor das memórias que pode ensinar ou aprisionar a mente
O Futuro é um mistério abstrato que, pela fé, os olhos visualizam
Residência de sonhos e medos que nem sempre se concretizam
A única garantia concedida pelo Tempo é o Presente
Mas poucos vivem nesse instante de forma consciente
Adversário dos velocistas e algoz dos afobados
O Tempo carrega nas suas mãos as estações da vida
Aliado dos pacientes e arrimo dos corações quebrantados
O Tempo revela a verdade e traz à luz intenções escondidas
Arquirrival dos poderosos frívolos e de orgulho elevado
O Tempo tem poder de provar o valor de qualquer obra
O Tempo tem ponteiros que não regridem sequer um grau
O Tempo tem pouco apreço por quem o trata como sobra
O Tempo tem pontuação, com exceção da final
Divagar sobre o Tempo é uma tarefa complicada
Devagar é o meu pedido para a sua passada
De vagar nesses pensamentos a minha mente está cansada
O Tempo é bálsamo das feridas e renovo do alento
O Tempo cura e isso, pra mim, é um portento
Temporizo as minhas palavras. Fim do meu tempo
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