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[Semana 51/52] Panorama semanal

Semanas que precedem os feriados de fim de ano costumar ter poucas notícias relevantes no mercado financeiro e baixo volume de operações, afinal, especuladores e traders também descansam, ainda que raramente.


Apesar dessa tendência, alguns eventos importantes ocorreram na semana natalina. Além do S&P 500 renovar sua máxima histórica, a Turquia teve mais um período digno de montanha russa.


A lira turca vinha perdendo valor em uma velocidade estonteante desde a intervenção de Erdogan no banco central do país, promovendo cortes sequenciais nas taxas de juros, exatamente na contramão das demais autoridades monetárias mundo afora.


Diante do cenário de depreciação contundente da moeda turca frente ao dólar, Erdogan decidiu agir de forma enérgica para conter a espiral de desvalorização da lira. Na segunda, o chefe de Estado anunciou uma série de medidas para aliviar o fardo dos cidadãos turcos, incluindo garantias governamentais para alguns tipos de perdas em depósitos bancários.

A reação do mercado foi exuberante. Quase 20% de valorização da lira frente ao dólar em um único pregão, sedo que na semana a divisa turca subiu quase 36%, o maior rally do ativo desde os anos 80.


Se os ganhos da moeda turca serão sustentáveis daqui pra frente, é impossível saber. Fato é que Erdogan mantém sua postura heterodoxa e aposta alto na "briga contra os especuladores".


O que se sabe de fato é que uma característica da lira que deve perdurar daqui pra frente é a volatilidade. Um artigo da Bloomberg discutiu a baixa volatilidade do yuan frente ao dólar considerando a métrica histórica anual até 22/12. Outras moedas de economias do sudeste asiático apresentaram esse perfil também. Já a lira turca foi a moeda emergente mais volátil no período, seguida pelo querido real brasileiro.


Falando em Brasil, merece destaque os movimentos mais recentes no xadrez político presidencial visando 2022. No decorrer da semana, ficou mais evidente o "match" entre Lula (candidato principal) e Alckmin (vice), uma parceria, que caso confirmada, constituiria não só um aceno do ex-presidente em direção ao centro, mas quase uma "Carta ao Povo Brasileiro", recurso utilizado pelo próprio Lula em 2002 para acalmar o mercado financeiro.


Alckmin é o político que governou o estado de São Paulo por mais tempo e poderia dar um tom mais moderado e ameno na chapa de Lula, diminuindo reações polarizadas e atraindo apoio empresarial. Vale lembrar, no entanto, que o ex-tucano aparenta não ter o mesmo capital político de quando enfrentou o próprio Lula nas eleições presidenciais de 2006. No seu último pleito presidencial, em 2018, Alckmin logrou apenas a quarta colocação, com menos de 5% dos votos.


Nada concreto sobre a parceira ainda, mas há segmentos insatisfeitos com Bolsonaro que aguardam ansiosamente uma postura mais condescendente do candidato petista, uma espécie de "Lulinha Paz e Amor II". Além de Alckmin como possível vice, Lula já começou a suavizar o discurso, como demonstrado na entrevista mais recente à Reuters:

"Eu não quero lutar. Quero juntar forças para construirmos."

Se é verdade ou não, levará um tempo para descobrirmos.

 

Feliz Natal a todos e todas 🙏

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