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[Semana 50/52] Panorama semanal

O Fed esperou a última semana antes das festas de fim de ano para anunciar uma mudança pivotal na sua política monetária, mudança essa que era cobrada por diversos personagens do mercado financeiro. Após a última reunião do FOMC (14/12 - 15/12), Powell formalizou o prospecto de que o banco central estadunidense apertará o passo no seu "tapering", ou seja, fará uma aceleração na desaceleração de compras de ativos (🤔).


As compras de títulos realizadas pelo Fed tem como objetivo prover liquidez aos mercados e, consequentemente, estimular o fluxo de recursos. Com a economia dos Estados Unidos caminhando firme após o tombo causado pela pandemia e a inflação batendo recordes, a continuidade desse estímulo monetário pode ser mais prejudicial do que benéfica.


Existem pontos importantes sobre o anúncio: o primeiro é que o tapering prevê desaceleração na compra de ativos, e não um enxugamento do seu inchado balanço do Fed; o segundo é de que os juros subirão após a conclusão desse processo, o que deve ocorrer três vezes em 2022 considerando as perspectivas dos próprios integrantes do FOMC (dot-plot). Resta saber como os mercados reagirão a esse novo cenário de maior parcimônia do Fed no grau de estímulo monetário.


Do outro lado do Atlântico, o BoE (Banco Central da Inglaterra) mostrou mais proatividade e senso de urgência ao elevar a taxa de juros básica do país em 15 pontos-base, levando o indicador a 0.25%. Trata-se do primeiro banco central das economias avançadas a iniciar o processo de normalização da política monetária.


Apesar do ajuste sensível, é importante considerar o contexto dessa elevação dos juros. Atualmente, o Reino Unido enfrenta um novo repique de casos devido à variante Ômicron, registrando recordes diários de novas infecções. Mesmo com a ameaça de quarentenas e o consequente risco de desaceleração econômica, a autoridade monetária inglesa enxerga o problema da inflação como algo urgente e que merece ação imediata.


Enquanto no Reino Unido os juros subiram, na Turquia a taxa sofreu um corte pelo quarto mês consecutivo, chegando agora a 14%, em meio a um ambiente inflacionário (mais de 20% pelo índice oficial do país). Como consequência, a lira turca continuou em sua espiral infindável de depreciação cambial. Nessa semana, a moeda local atingiu nova mínima histórica frente ao dólar, acumulando uma queda de 40% desde setembro deste ano.


Diante da derrocada da moeda nacional, o presidente Erdogan manteve uma postura contumaz frente aos "especuladores internacionais" e decidiu elevar o salário mínimo em 50% para tentar proteger o poder de compra da população turca. Se heterodoxa ou teimosa é a palavra mais adequada para definir a ação de Erdogan sobre a economia turca, não se sabe. Fato é que esse tipo de abordagem nunca terminou bem na história moderna..


Em comparação com a Turquia, o Bacen tem se demonstrado uma autoridade monetária mais centrada e com pés no chão, o que não significa que o real não esteja sofrendo frente ao dólar nos últimos dias. Mesmo com uma postura hawkish do BC e a adoção de uma política monetária contracionista, a moeda brasileira tem perdido valor frente à divisa estadunidense, demandando, inclusive, intervenções do próprio Bacen no mercado cambial para conter a depreciação. Com o Fed mudando a rota nos próximos meses, o dólar tende a ficar mais forte e o cenário ainda mais desafiador para o banco central brasileiro e demais emergentes.

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