A semana foi intensa na política internacional dos Estados Unidos. Biden teve uma conversa relevante com Putin. Na pauta, dois temas nevrálgicos entre os dois países: Ucrânia e OTAN. A preocupação do governo estadunidense é de que os russos invadam o território ucraniano, enquanto no Kremlin existe um desconforto com a presença da OTAN nos territórios circunvizinhos à Rússia. Uma iniciativa militar russa na Ucrânia pode abrir precedente para uma resposta das potências ocidentais.
Mesmo distante de um conflito direto nesse momento, a relação entre China e Estados Unidos apenas regride. No decorrer da semana, Biden puxou a fila de nações ocidentais que anunciaram um boicote diplomático aos Jogos de Inverno que serão realizados em Pequim. A decisão teria sido baseada nas atrocidades aos direitos humanos cometidas pelo governo chinês. A grave situação dos Uyghurs já não é novidade, mas o sumiço da famosa tenista chinesa Peng Shuai, que declarou ter sofrido assédio sexual por um oficial aposentado do Partido Comunista, prejudicou ainda mais a imagem internacional do país.
Em resposta, a potência asiática afirmou que os Estados Unidos "pagarão o preço".
No Brasil, o COPOM confirmou a expectativa do mercado e elevou a SELIC para 9,25%, um aumento de 150 pontos-base na taxa de juros.
No comunicado, o comitê já acenou para um novo aumento de +1,5% na próxima reunião e afirmou que "é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista." Tom duro, hawkish, mas esperado diante de um cenário de fragilidade fiscal com deterioração cada vez maior e uma inflação galopante.
O objetivo do Banco Central não é só aumentar conter o aumento generalizado dos preços, mas também resgatar a ancoragem das expectativas em torno da meta de inflação, algo que se perdeu no decorrer deste ano e que já está ameaçado para 2022.
Um temor de parte do mercado é que o Bacen esteja promovendo um aperto monetário excessivo que estrangule a expansão do crédito, e consequentemente, o crescimento da economia brasileira nos próximos meses. Tudo indica que este ciclo contracionista da política monetária será de fato o mais contundente desde o início do Plano Real.
Se o Bacen errou no início por leniência e por admitir juros baixos quando não deveria, o mesmo corre o risco de errar a mão no sentido contrário. 8 ou 80.
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