Resultados da inflação nos Estados Unidos já batem recorde há alguns meses, mas o dado do CPI de outubro foi de levantar sobrancelhas: +6.2% na base anual, o maior nível das últimas três décadas.
O dado coloca novamente pressão sobre o Fed, que tem adotado uma postura leniente sobre reduzir a compra de ativos (tapering) ou aumentar juros. Inclusive, o diferencial entre a taxa efetiva do Fed e o CPI chegou ao menor patamar da história, um retrato do grau de estímulo monetário extremo promovido pelo banco central desde o início da pandemia:
Mohammed El-Erian repetiu o seu alarme contra o Fed após o resultado, afirmando que gostaria até mesmo de estar errado, mas que o seu contato com diversas empresas tem corroborado a tese de repasse de custo (incluindo aumento de salário) para o consumidor (cost-push inflation), enquanto a demanda começa a se intensificar com a reabertura da economia (demand-pull inflation). Larry Summers declarou que o país está caminhando para o risco mais grave de inflação em 40 anos.
No cenário doméstico, o IPCA também veio em níveis elevados e também levantou sobrancelhas: +10.67% em 12 meses, dando adeus à meta perseguida pelo Bacen em 2021. O dado abre a possibilidade para um ajuste superior a 150 pontos-base na SELIC na última reunião do COPOM em 2021, a qual será realizada entre os dias 7 e 8 de dezembro.
O câmbio depreciado é um fator primordial na inflação brasileira e o risco fiscal só contribui para a piora desse cenário. Na terça foi aprovada a PEC dos Precatórios na Câmara em votação de segundo turno: 323 a 172, placar bem mais tranquilo em relação ao primeiro pleito. O texto ainda vai ao Senado, mas a "regra de ouro" vai dando adeus.
Diante disso o Ibovespa fechou a semana em...alta: +1,44%, apesar do risco fiscal acentuado pela aprovação da PEC na Câmara.
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