A imagem de capa é a pintura The Farmer's Wife and the Raven (1782) de George Stubbs. A obra retrata uma fazendeira a caminho do mercado sobre o seu cavalo, o qual se assusta com um corvo e cai de forma estrondosa. O tropeço é uma referência ao PIB no Brasil, cuja expectativa era de recuperação em V (para a equipe econômica), mas com os números mostrando algo diferente.
Cenário internacional
Tiros de fuzil para o alto e caixões com bandeiras das potências ocidentais. Foi dessa forma que o Talibã celebrou a retirada de militares e civis estadunidenses e europeus do Afeganistão.
No espetáculo grotesco ninguém foi esquecido: um túmulo para a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), um para o Reino Unido, outro para a França e claro, os Estados Unidos. Mais uma derrota desmoralizante do Ocidente no Afeganistão (além das guerras Anglo-Afegãs do século XIX).
Fonte: G1
Enquanto isso, Biden tenta sacudir das suas vestes políticas a poeira do Afeganistão focando nos desafios domésticos dos Estados Unidos. Nessa sexta (03/09) foram divulgados os números do mercado de trabalho do país com geração de 235 mil novos postos de trabalho. Notícia boa pela expansão do emprego, notícia ruim pela distância monumental do que se esperava: 750 mil novas vagas.
Sobre o dado econômico, o presidente adotou um tom otimista e exaltou a capacidade da economia estadunidense gerar empregos mesmo enfrentando a variante Delta. Biden afirmou que apresentará um plano para combater a cepa do coronavírus, que já é dominante do país.
Já o Fed havia sinalizado através de Powell no Simpósio de Jackson Hole a possibilidade de tapering nos próximos meses. Diante do resultado frustrante do Payroll, a redução no ritmo de compra de ativos pode ter de esperar um pouco mais.
A próxima decisão de juros é daqui três semanas (22/09) e o FOMC deve ressaltar a diferença entre tapering (tirar o pé do acelerador) e aumento dos juros (pisar no freio), além de condicionar a retirada de estímulo à condição do mercado de trabalho.
Cenário doméstico
Outro indicador que surpreendeu de forma negativa os analistas foi o PIB brasileiro referente ao segundo trimestre: queda de -0,1% frente a uma expectativa de +0,2%.
O dado mostra que a sequência de três trimestres de expansão da economia doméstica foi interrompida, principalmente em decorrência do desempenho negativo do setor agropecuário (-2,8%). O consumo das famílias ficou estagnado e o setor de serviços (+0,7%) não retomou ainda o nível pré-pandemia.
Evento relevante também foi a aprovação da Reforma do IR na Câmara. O texto segue para o Senado. A passagem da proposta que prevê, entre outras mudanças, a tributação de dividendos (agora em 15% quando no início era 20% de alíquota) contribuiu para azedar o clima na Bolsa de Valores. O Ibovespa. que já encerrou agosto com queda de -2,48%, desabou outros -2,28% no dia 02/09 após a notícia da reforma.
No gráfico semanal do índice amplo brasileiro, chama a atenção a queda contínua desde junho, com 9 semanas negativas em 13 (69%). Além disso, a volatilidade do ativo está mais alta: nas últimas três semanas, o Ibovespa variou pelo menos 2,0%, sinal de grande amplitude de movimentos no preço.
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