Cenário internacional
A mais longa guerra dos Estados Unidos está acabando, pelo menos para os estadunidenses. As tropas do país estão se retirando do Afeganistão rapidamente em meio à uma ofensiva tenaz do Talibã.
A embaixada estadunidense no Afeganistão já avisou os seus cidadãos: deem o fora do território. Em menos de uma semana, as forças fundamentalistas islâmicas tomaram diversas capitais de províncias e já chegam a um controle territorial estimado de 65%, praticamente uma "blitzkrieg" contra as forças afegãs, que já não podem mais contar com os Estados Unidos. O presidente Biden afirmou não arrepender da decisão de retirada das suas tropas e afirmou que os afegãos devem lutar por si mesmos.
Se fora as coisas não andam muito bem, em casa o mandatário estadunidense obteve uma grande vitória política com a aprovação do pacote de infraestrutura pelo Senado, um feito bipartidário, diga-se de passagem. O plano de estímulo de 550 bilhões de dólares prevê investimentos massivos em estradas, ferrovias e portos.
Mas faltam algumas etapas para esse pacote ser concretizado. A proposta ainda precisa passar pela Câmara do país - que está de recesso até setembro - e a líder da casa, Nancy Pelosi, já acenou com a condição de que outro plano fiscal deve ser aprovado. No caso, esse outro pacote é voltado para benefícios sociais que totalizariam 3,5 trilhões de dólares.
Na visão de grande parte do mercado, o gasto do governo dos Estados Unidos, que não para de crescer e não deve parar no futuro devido a essas propostas, tem contribuído para a alta inflação (no padrão de um país desenvolvido). Aliado a isso está o imenso grau de estímulo oferecido pelo Fed na frente monetária. O indicador medido pelo CPI (Consumer Price Index) teve uma leve desaceleração em julho, mas a inflação anualizada ainda é a mais alta desde 2008.
Cenário doméstico
A inflação no Brasil também está nas alturas. O aumento de +0,96% no IPCA de julho foi a maior taxa para esse mês desde 2002, enquanto na base anual a inflação atingiu o patamar de 8,99%, mais que o dobro do centro da meta perseguida pelo Banco Central.
No mesmo dia da divulgação do IPCA foi emitida a ata do COPOM referente à reunião mais recente, na qual o comitê discorreu com mais detalhes o seu plano de subir (e rápido) a SELIC, levando a política monetária nacional ao campo restritivo. Através do FOCUS, o mercado já vê a taxa de juros em 7,25% no fim de 2021, porém sem mais apertos no ano que vem, que terá período de eleição presidencial com alta tensão. Resta esperar.
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