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[Semana 31/52] Panorama semanal


Cenário internacional


Considerado pedra angular do processo de recuperação da economia estadunidense, o mercado de trabalho do país deu sinais de vida. A geração de 943 mil novas vagas de emprego - acima da expectativa de 870 mil - foi o maior resultado dos últimos 10 meses. Além disso, a taxa de desemprego atingiu uma nova mínima desde o início da pandemia: 5,4%.


O resultado foi recebido de forma diferente pelos agentes de mercado. Alguns gestores apontaram o dedo para Fed, admoestando o banco central a reduzir o seu estímulo monetário para mitigar o risco de superaquecimento da economia. Mohammed El-Erian foi uma das pessoas mais vocais nesse sentido, afirmando, inclusive, que se o banco central não atuar, a recuperação estadunidense e a agenda do governo Biden estarão em risco.


O ex-presidente do Fed de Nova York, William Dudley, declarou com base na sua experiência que o processo pelo qual o banco central terá que "enxugar" o seu balanço será longo e gradual. Com o volume de compra de ativos feito pelo Fed, este já se tornou um participante relevante do mercado (algo teoricamente fora do seu mandato).


Já os traders e especuladores "bagunçaram" um pouco o pregão dos contratos futuros. No Brasil, o mercado de mini-dólar (WDO) - ativo preferido dos day-traders de varejo - teve tamanha volatilidade durante a divulgação do resultado que entrou em leilão. Para quem não entende muito desse contexto, fica a mensagem de que a reação foi veemente.



Cenário doméstico


Quem apostou em uma alta de +1% na SELIC na última quarta (04/08) acerto. O COPOM (Comitê de Política Monetária) promoveu mais um ajuste agudo na taxa de juros, algo esperado diante do risco de espiral inflacionária e cenário de incerteza fiscal.


Colocando em perspectiva a magnitude dessa elevação, o ajuste de 100 pontos-base corresponde à metade da SELIC no início de 2021 (2,00%) e constitui o maior aumento de juros em uma só reunião nos últimos 11 anos.


O COPOM reconheceu que a inflação ao consumidor tem sido persistente e que as medidas de núcleo também têm se elevado. No balanço de riscos, os fatores para uma pressão altista na inflação são predominantes: programas de estímulo fiscal que aumentam a demanda agregada e fragilidade fiscal que contribui para um maior prêmio de risco do país.


Como sempre, o comitê fez questão de reiterar no seu comunicado a importância da perseverança no processo de reformas e ajustes na economia brasileira. Enquanto espera a boa vontade da classe política para a implementação da responsabilidade fiscal, o COPOM já sinalizou um novo aumento de +1% na próxima reunião, em 21-22 de setembro.


Uma frase em particular deixou evidente a mudança de eixo na política monetária:

"Neste momento, o cenário-base do COPOM e o balanço de riscos indica como apropriado um ciclo de aperto da política de juros para um nível acima do neutro."

Ficou claro, portanto, que o estímulo monetário perdeu sentido no contexto atual do país. A chance da SELIC fechar 2021 acima de 7% não é pequena. A partir de agora, o Bacen, que já navega em águas turbulentas, terá que refinar a sua política monetária para não "apertar" demais.

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