Cenário internacional
A semana que inaugurou a segunda metade de 2021 foi marcada por intrigas políticas no cenário internacional. Entre os poderosos da OPEP, um desentendimento raro entre dois aliados próximos. De um lado, a Arábia Saudita do príncipe Mohammed bin Salman defendendo a restrição no volume produzido ao longo dos próximos oito meses; do outro, os Emirados Árabes Unidos de Mohammed bin Zayed, advogando o aumento da produção para aproveitar a retomada da demanda global.
Não à toa o preço do barril da commodity tem mostrado tanta volatilidade nos últimos dias. Em fevereiro de 2020, uma divergência entre Arábia Saudita e Rússia (que participa das reuniões no escopo da OPEP+ apesar de não ser membro oficial) provocou o caos no mercado de petróleo quando o mundo começava a entender a gravidade da pandemia. Foi a tempestade perfeita para o mercado financeiro na época, mas a situação atual é diferente.
Os príncipes Mohammed são próximos e devem contornar a situação, mas não deixa de existir entre ambos uma certa rivalidade dada a disputa pelo posto de hub econômico da região do Golfo.
No Haiti - país mais pobre das Américas - o chefe de Estado, Jovenel Moise, foi assassinado em casa por mercenários, uma história que se assemelha a roteiro de filme. No grupo dos autores da investida foram identificados colombianos, provavelmente militares. Ainda não se sabe que indivíduo ou organização está por trás do ataque.
O que se sabe é que o clima de instabilidade no Haiti piora a cada dia. Moise presidia por decreto há mais de um ano após dissolver o Parlamento e propunha uma polêmica reforma constitucional.
Mais um capítulo triste na história do primeiro país americano a conquistar a independência e ser uma república liderada por negros. Com 15 líderes de Estado em 33 anos e uma situação de pobreza extrema, é difícil enxergar dias melhores para o Haiti.
Enquanto isso, a variante delta da Covid tem assustado autoridades e governos dado o seu potencial mais agudo de transmissão. Se a cepa descoberta na Índia é mais fatal, ainda não se sabe, mas fato é que ela está por trás do forte aumento de casos da doença em países da Europa e nos Estados Unidos.
Cenário doméstico
O Brasil não só enfrenta a ameaça da variante delta como também lida com um ambiente político turbulento, o que não é novidade na história do país.
Além da própria CPI da Covid, descobertas recentes apontam para um possível esquema de corrupção no governo, algo muito combatido pelo discurso eleitoreiro da atual administração em 2018.
A reação de Bolsonaro tem sido a de atacar verbalmente os senadores da Comissão, além de ministros do STF e TSE. O mais recente foi Luís Roberto Barroso, xingado de imbecil pelo presidente por defender as urnas eletrônicas. Bolsonaro continua a sua fixação com o voto impresso e chegou a afirmar que o país pode não ter pleito eleitoral em 2022 se não for por esse método.
A declaração foi um devaneio de quem se vê com o nível de popularidade na mínima do mandato e bem atrás do seu nêmese nas pesquisas de intenção de voto. Segundo números divulgados pelo Datafolha nessa semana, Lula teria ampla vantagem sobre Bolsonaro em um eventual segundo turno e não só ele, como também Dória e Ciro Gomes sairiam vencedores nesse cenário hipotético. Mas como sempre é dito por aqui, ainda tem muito chão até 2022.
É difícil apontar se o ambiente político ajuda a explicar a escalada recente do dólar frente ao real, mas parece que o cenário de Brasília tem sim pesado o clima no mercado financeiro. A divisa estadunidense subiu mais de 6% frente ao real nos últimos dias e apagou a perda acumulada desde o início de junho. O Ibovespa fechou essa semana mais curta com queda de quase -2%.
Fonte da imagem de capa: Abna24
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