O ano de 2021 chegou à sua metade com diversos eventos marcantes. Devido a essa marca, vale uma "mini-retrospectiva" do que aconteceu de mais importante no Brasil e no mundo.
Cenário internacional
Depois da pancada de 2020 e um cenário marcado por incertezas, os índices de ações estadunidenses tiveram uma bela escalada nos primeiros seis meses de 2021 e estão próximos de suas máximas históricas, refletindo o otimismo com a economia dos Estados Unidos conforme o avanço da vacinação permite a retomada da atividade.
Duas tendências do mercado financeiro que merecem destaque no período são ESG e reddit.
A sigla se refere à adoção de princípios ambientais, sociais e de governança nas empresas, algo que tem sido cada vez mais cobrado por investidores e acionistas ativistas. Gigantes do setor petrolífero já estão enfrentando exigências para alcançar a neutralidade de carbono. O ESG tem potencial de transformar as finanças no longo prazo.
Já o reddit ganhou fama ao se tornar a via pela qual especuladores inflaram o preço de ações nas quais grandes hedge funds estavam MUITO vendidos. O evento envolvendo a Gamestop mostrou a todo o mercado financeiro o poder dos fóruns de internet e redes sociais.
Será que um dia o nível de interesse em torno de uma ação no reddit vai virar fator no modelo Fama-French?
No campo geopolítico, os Estados Unidos voltaram às mesas de negociação internacional sob a batuta de Biden. O democrata tem percorrido um caminho oposto ao de Trump em relação ao estabelecimento de laços e alianças com outros países.
Ruim para a China, que vê uma administração estadunidense mais ativa no campo internacional e dotada de uma visão semelhante à do seu antecessor a respeito de guerra comercial e roubo de propriedade intelectual. O Partido Comunista Chinês encerrou o primeiro semestre celebrando o seu centenário e com muitos desafios a frente, incluindo o de reduzir a dívida corporativa no país para reativar as taxas de crescimento do PIB mais sustentáveis e acima de 6%, algo que não deve acontecer em 2021.
Cenário doméstico
Não foi só lá fora que as bolsas bateram recordes. O Ibovespa também registrou o seu maior patamar em junho após tocar os 131 mil pontos. Ações de commodities com peso relevante no índice se beneficiaram do ciclo positivo no setor e forte demanda chinesa.
Já se sabe que nem sempre a bolsa acompanha a economia real, mas o otimismo não foi exclusivo do mercado financeiro. Um crescimento acelerado do PIB no primeiro trimestre e melhora em alguns indicadores da economia melhoraram as expectativas dos agentes sobre os rumos do Brasil em 2021.
É importante destacar que isso só ocorreu após março e abril, os piores meses da pandemia em território nacional. O país chegou ao final do primeiro semestre com mais de 500 mil mortes e, infelizmente, com potencial de ultrapassar os Estados Unidos na quantidade total de óbitos. A vacinação, ainda que lenta, parece dar sinais de efeitos virtuosos na queda recente dos indicadores da pandemia.
Falando nesse assunto, a CPI da Covid foi instaurada no período e já ouviu dezenas de pessoas. Recentemente veio à tona o escândalo da Covaxin, que tem desgastado a imagem do governo frente a diversos setores da sociedade. A questão motivou o "superpedido de impeachment" no fechamento do semestre através de um documento que abarca todo o espectro da política brasileira, de Joice Hasselmann a Guilherme Boulos, de Gleisi Hoffmann a Kim Kataguiri.
Cinco anos depois o Brasil volta a pensar na remoção de um presidente. Nesse cenário, Bolsonaro tem mantido a sua postura de discurso voltado para o seu núcleo e críticas à imprensa. Enquanto isso, a sombra de Lula, absolvido de ações penais que o tornavam inelegível, começa a crescer. O cenário polarizado e tenso que pinta em 2022 parece uma repetição das duas últimas eleições presidenciais.
Além disso tudo, o primeiro semestre de 2021 teve Censo cancelado, exoneração de ministro (mais um) e presidente da CBF na berlinda.
Imagine o que vem na segunda metade do ano.
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