Cenário internacional
Falar de morte logo no início pode não ser a maneira mais elegante de se escrever um panorama semanal, mas é impossível ignorar o falecimento de John McAfee em uma prisão de Barcelona, provavelmente, por suicídio. Descrito por si mesmo como iconoclasta, aventureiro e misterioso, ele foi um grande personagem ofuscado pelas suas polêmicas de evasão fiscal, fotos com armas e suspeita de homicídio em Belize.
McAfee era matemático de formação e atuou como programador na NASA no final dos anos 60. Passou por empresas como Xerox e Computer Sciences Corporations até fundar a McAfee Associates em 1987, companhia pela qual passou a comercializar o seu software antivírus, sendo reconhecido como o primeiro a ter esse tipo de atuação no segmento.
Além de pioneiro do antivírus e bad boy na vida pessoal, McAfee era entusiasta do Bitcoin. Prova disso foi a sua declaração em 2017 de que ingeriria o seu membro progenitor se a criptomoeda não alcançasse o valor de $1 milhão de dólares no final de 2020. Evidentemente, ele não cumpriu a promessa (ainda bem).
Ao contrário de McAfee, a China não gosta nada do Bitcoin. No decorrer da semana, a potência asiática fechou de vez o cerco aos mineradores proibindo a atividade no território chinês. Em um país de governo unipartidário e totalitário, proibido significa proibido mesmo.
Os mineradores estão procurando se deslocar para outros sítios propícios à essa atividade. A notícia negativa, claro, derrubou o Bitcoin, que está com uma queda próxima de -10% na semana até o fechamento deste texto.
Não bastasse o punho chinês, Nassim Taleb também decidiu bater na criptomoeda através de um paper no qual ele afirma, bem a seu estilo Taleb, que "o Bitcoin vale exatamente $0".
Que ano até aqui para o Bitcoin.
Cenário doméstico
E o homem da porteira caiu. Nessa semana foi oficializada a exoneração de Ricardo Salles, agora ex-ministro do Meio Ambiente, que sai sob fortes críticas de especialistas, suspiros de alívio por ambientalistas e investigação por envolvimento em contrabando florestal.
Mais um integrante da atual administração que sai antes do fim do mandato. Na escala "cringe" de ex-ministros, quem causou mais vergonha: Salles "passador da boiada", Pazuello do "um manda outro obedece", Ernesto Araújo do "comunavírus" ou o "imprecionante" Weintraub?
Difícil...
Difícil também é a vida do Bacen, que enfrenta um cenário de incerteza fiscal e pressão inflacionária. Para não perder as rédeas dos preços e da expectativa de inflação dos agentes econômicos, o COPOM acelerou a alta da SELIC este ano e sinalizou na ata divulgada na terça (22/06) que vem mais aumentos por aí, reforçando até a aposta de uma rara elevação de 100 pontos-base (+1%) no próximo encontro:
Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude (leia-se, 75 pontos-base). Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários (ou seja, 100 pontos-base). O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação.
Se o crédito tende a ficar mais caro para pessoas físicas e empresas com esse movimento do BC, o real ganha fôlego frente ao dólar. Nessa semana, a divisa americana fechou abaixo de R$ 5 depois de muito tempo flertando com o patamar de R$ 6.
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