Cenário internacional
A semana começou com um acordo histórico celebrado entre ministros(as) das finanças e banqueiros(as) centrais do G-7 (Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Canadá e Japão). Esses encontros precedem as cúpulas, na qual presidentes(as) desses países poderosos se reúnem para discutir temas estratégicos e comerciais. Neste ano, a reunião ocorre entre os dias 11 e 13 de junho.
Voltando ao encontro dos ministros(as) e banqueiros(as), a conversa entre as partes rendeu um comunicado extenso e com diversos pontos interessantes, como a construção de uma recuperação global inclusa e sustentável, esforços contra a mudança climática e perda de biodiversidade, além de apoio financeiro às nações pobres.
A decisão mais chamativa do encontro, entretanto, foi a defesa de um imposto mínimo global de pelo menos 15% em alto, bom e uníssono tom. A justificativa por trás dessa tributação seria a gama de desafios causados por uma economia digital e globalizada.
A ideia ainda será discutida e certamente dará pano para manga, mas países como Cingapura, Irlanda, Suíça e Ilhas Cayman devem estar receosos com a notícia, uma vez que isso pode mitigar o uso da taxa de tributação mais baixa como instrumento para atrair investimentos e a existência de paraísos fiscais, prática adotada por essas jurisdições.
Nos Estados Unidos, a narrativa foi, é e será por um bom tempo a inflação, dada como "morta" durante os anos que precederam a pandemia.
A inflação medida pelo CPI teve a maior alta anual desde 2008: 5,0%, acima da expectativa de 4,7%. O core CPI - excluindo combustíveis e alimentos da cesta - registrou um aumento de 3,1% na base anual, maior variação desde 1992. No outro lado do mundo a elevação dos preços também chamou a atenção: a inflação dos produtores na China teve a maior alta dos últimos 13 anos.
Não há dúvida de que a retomada da atividade mediante a vacinação, demanda reprimida após longa quarentena, além da magnitude dos estímulos fiscais e monetários estão contribuindo para esse cenário a nível global.
Semana que vem tem Fed, então já se sabe para onde a atenção dos investidores estará voltada nos próximos dias.
E nem os mais fervorosos amantes das criptomoedas imaginavam que um pequenos país da América Central estaria na vanguarda da inovação, adotando o Bitcoin como moeda oficial junto ao dólar estadunidense. El Salvador anunciou no decorrer da semana a aprovação de um projeto de lei que reconhece o criptoativo como meio legítimo para transações em território nacional.
Vale ressaltar que o jovem presidente Nayib Bukele, patrocinador dessa iniciativa inédita, tem um curto histórico político recheado de ações despóticas. Então fica esse paradoxo: a moeda considerada o símbolo de liberdade monetária recebeu um grande impulso de um governante com tendências autoritárias.
O movimento foi comemorado pelos defensores do Bitcoin. Já os críticos afirmaram que não se podia esperar tal decisão de uma democracia séria e com instituições funcionais, por isso a novidade teria partido de El Salvador.
Utilização como reserva de recursos por corporações, criticismo por ex-entusiastas, cerco regulatório, cancelamento por ambientalistas e aceitação como moeda oficial de um país. O que mais o futuro reserva para o Bitcoin?
Cenário doméstico
Há poucos meses atrás: intervenção do presidente na Petrobras, pico da pandemia e teto de gastos ameaçado.
Hoje: Ibovespa na máxima histórica, dólar quase a R$ 5,00 e expectativa de crescimento do PIB acima de 4% para 2021.
O tempo entre os dois momentos é curto, mas o otimismo está fundamentado em boas notícias para o Brasil que saíram recentemente, como a expansão acima do esperado no 1º trimestre deste ano, retração da pandemia, melhora nos índices de confiança e uma balança comercial favorecida pelo ciclo de alta das commodities em conjunto com a voracidade da China, principal importadora.
Refletindo o bom momento, o Ibovespa chegou aos 130 mil pontos, nível com o qual ainda está flertando. Já o dólar tem se aproximado do patamar de R$ 5,00 e com chances de perder força frente ao real. Isso se deve principalmente pelo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, já que o Fed mantém sua posição de juros a zero enquanto o Bacen tem corrido atrás da curva. Na próxima quarta, espera-se que a SELIC chegue a 4,25%.
E o Bacen não tem alternativa no momento. A leitura mais recente da inflação pelo IPCA teve a maior alta para um mês de maio desde 1996 (vibe inflacionária dos anos 90 de novo). O acumulado do indicador nos últimos 12 meses já está acima dos 8%.
Run BC, Run.
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