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[Semana 2/52] Panorama semanal


Cenário internacional


Estados Unidos: O estrondo da invasão ao Capitólio no dia 06/01 ainda ecoa na política estadunidense. Uma das consequências do evento foi a instauração do segundo processo de impeachment contra Donald Trump. A questão é que o presidente completou a sua última semana de mandato e entregará o cargo a Joe Biden na quarta (20/01), tornando a ação um ato mais simbólico do que efetivo.


Facebook e Twitter também atuaram contra Trump, bloqueando-o nas suas respectivas redes sociais. Aqui cabem algumas reflexões: esse ato parte de uma preocupação legítima com a coesão social ou apenas oportunismo, já que Trump está no fim do seu mandato? E afinal de contas, até que ponto as gigantes de tecnologia são as guardiãs do que pode ou não ser falado/publicado? Existe o risco desse banimento ser caracterizado como censura?


Enquanto o ambiente político do país lida com suas dores, a economia estadunidense mostra sinais de fraqueza no mercado de trabalho. Após um Payroll de dezembro negativo, os pedidos semanais de seguro-desemprego tiveram alta de 22,15% na última mensuração. Vem mais estímulos por aí? O mercado espera que sim.


Do outro lado do Pacífico a realidade é um pouco diferente. A China, onde a pandemia começou, registrou recorde de superávit na sua balança comercial referente a dezembro. A demanda local e recuperação econômica da potência asiática têm contribuído, inclusive, para a forte valorização das commodities.

Fonte: Investing.com


As bolsas internacionais fecharam a semana em queda, com exceção do Nikkei 225 (Japão).


Algo de Valor: Diversos ativos financeiros têm alcançado máximas históricas enquanto a economia mundial ainda luta contra uma severa pandemia. Esse desarranjo provoca vários questionamentos sobre valor, preço e fundamentos. Nesse momento, buscamos vozes experientes que tenham algum entendimento sobre o cenário atual. Howard Marks é uma delas.


No seu último memorando, o fundador da Oaktree discute a dicotomia (na opinião do autor, falsa) no mundo dos investimentos de value x growth, indicando que:

  • As duas visões não devem ser mutuamente excludentes;

  • O mundo se tornou mais complexo e dinâmico para o investidor. Mais importante do que determinar de forma acurada o Fluxo de Caixa Descontado ou o P/E da empresa, é necessário ter flexibilidade e inteligência para focar na análise qualitativa do negócio;

  • É crucial entender a relação entre preço atual e a perspectiva futura do negócio de uma companhia. Isso sim demonstra se uma ação está "cara" ou "barata".


Cenário doméstico


Brasil: A nível político e corporativo, o evento mais relevante da semana foi o anúncio de fechamento das fábricas da Ford no Brasil. O golpe atingiu em cheio o governo, que no início da atual administração acenou com um melhor ambiente de negócios. Os maiores prejudicados, no entanto, são os trabalhadores, que buscarão recolocação em um mercado de trabalho trôpego e ainda ferido pela pandemia.


A notícia, no entanto, não foi surpresa para algumas pessoas. Uma delas é Marcos Lisboa, mais uma voz que merece ser ouvida no momento. O diretor-presidente do Insper já havia criticado o atual modelo de atuação da indústria automobilística no país. Em uma entrevista publicada no Brazil Journal, o ex-secretário de Política Econômica afirmou que o desenho da política industrial dificulta a escalabilidade da cadeia produtiva, diminuindo a sua eficiência. O desenvolvimentismo adotado nos anos 70 e em 2008, segundo Marcos Lisboa, fracassou. No processo, a estabilidade institucional e tributária foi desvalorizada, e o país paga o preço por isso hoje.


O número de multinacionais que deixaram o Brasil nos últimos anos chama a atenção. Vale ressaltar que cada companhia abaixo teve um contexto particular para deixar o país (recuperação judicial, mudança estratégica, reestruturação, ambiente de negócio):

  • Fnac (2017)

  • Walmart (2018)

  • Glovo (2019)

  • Roche (2019)

  • RR Donnelley (2019)

  • Wendy's (2020)

  • Sony (2020)

Enquanto a equipe econômica procura absorver o impacto da saída da Ford do lado fiscal, o Banco Central decide como lidar no lado monetário com uma inflação crescente e que fechou, depois de muito tempo, acima do centro da meta em dezembro. Na próxima quarta (16/01), o COPOM se reúne para mais uma decisão da taxa de juros.


O Ibovespa (120.349 pontos) fechou a semana em forte queda, com retração de -3,78%. O dólar terminou o período cotado a R$ 5,31.

Fonte: Investing.com


Mais excruciante ainda que a saída da Ford é a crise humanitária no Amazonas, estado duramente oprimido pela Covid-19 e sem estoque suficiente de oxigênio para os pacientes. A iniciativa do setor privado e de indivíduos contrasta com a inépcia do governo federal. Resta saber se a população brasileira fará um julgamento apropriado da atual administração no ano que vem, caso ela se mantenha de pé até lá.

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