Cenário internacional
Um país extenso, populoso e com um sistema de saúde frágil, mas que levou a sério a pandemia e conteve a onda inicial de casos. A Índia parecia ser uma história de sucesso no gerenciamento da Covid-19, mas o panorama mudou completamente nas últimas semanas.
Comícios políticos e um festival religioso de grandes proporções foram considerados faíscas para o cenário incendiário que assola a Índia nesse momento. O país enfrenta uma curva exponencial de casos e mortes, com média móvel superior a 3.000 óbitos no momento. O processo de vacinação foi seriamente afetado e uma variante agressiva foi identificada.
A situação chamou a atenção da comunidade internacional, que liderada pelos Estados Unidos, começou a coordenar esforços para ajudar o país com recursos de combate à pandemia: máscaras, respiradores e equipamentos médicos.
Os números em termos absolutos na Índia assustam, mas considerando mortes por milhão de habitante nos últimos 7 dias, os países com as piores estatísticas são Hungria, Uruguai e Bósnia & Hezergovina. Outros países próximos destes fazem parte do Leste Europeu e América do Sul, incluindo o Brasil. Ou seja, a pandemia não alivia em lugar algum.
Nessa semana o presidente Biden já poderia soprar velas do seu aniversário de 100 dias de governo. Sem bolo mas com discurso no Congresso, o mandatário estadunidense fez uma breve análise do período focando em economia, sociedade e rivalidades internacionais. Biden disse ter herdado uma nação em crise, celebrou a vacinação no país e deu recados contundentes para Rússia, Irã, Coréia do Norte e China.
O tempo é curto para avaliar, mas nesse início o novo presidente tem empreendido esforços em prover estímulos fiscais massivos para suportar uma recuperação vigorosa dos Estados Unidos, além de reinserir a potência nas discussões internacionais visando frear o avanço da influência chinesa.
Seria Biden uma espécie de Roosevelt? Ray Dalio acredita que sim e ele explica o porquê neste artigo.
Mas o discurso mais importante da semana para os investidores foi o de Jerome Powell, presidente do Fed e pop-star do mercado financeiro. Após a decisão do banco central de manter a taxa de juros próxima de zero, o homem forte da política monetária do país respondeu perguntas de jornalistas e foi enfático: parem de se apavorar com indícios de inflação, porque deve ter caráter temporário; além disso, se o nível de preços se elevar demais, o Fed estará pronto para agir. Claro que não foi nessas palavras e tom, mas foi a mensagem sobre o tema (a declaração pode ser vista aqui). E o mercado diz: Amém.
E as grandes vencedoras em termos de resultados corporativos nos Estados Unidos foram as big techs: Apple, Google, Facebook e Amazon reportaram resultados estrondosos no primeiro trimestre deste ano. Apesar desses dados, os principais índices de ações do mercado estadunidense fecharam a semana com pouca variação, próximos à estabilidade.
Cenário doméstico
O Brasil teve momentos semelhantes ao da Índia nos últimos dois meses, mas o pior dessa segunda onda parece (e tomara) ter ficado para trás. Apesar da queda na tendência dos indicadores de transmissão e internações, o país atingiu a triste de marca de 400 mil mortos. Em relação aos demais, é o segundo nessa estatística, atrás dos Estados Unidos e acompanhado pela própria Índia em terceiro.
Sobre esse tema, a CPI da Covid deu os seus primeiros passos, mas nada significativo ocorreu nesses dias. O relator da investigação é um velho conhecido da política brasileira: Renan Calheiros (MDB-AL), crítico recorrente de Bolsonaro.
Enquanto isso, a taxa de desemprego do país entre dezembro e fevereiro foi de 14,4%, levemente abaixo do esperado (14,5%) e o Índice de Evolução de Emprego do CAGED para março foi de 181,4 mil, acima da expectativa (180 mil). Notícias levemente positivas para o mercado de trabalho nacional.
O Ibovespa teve queda de -1,36% na semana (+1,94% no mês), a 118.894 pontos. O dólar fechou o período cotado a R$ 5,44. Para a próxima semana, o mercado se prepara para a decisão de taxa de juros do Bacen. É esperado um aumento de 75 pontos-base (+0,75%) na SELIC.
Inclusive, o Banco Central divulgou no decorrer da semana o Relatório de Estabilidade Financeira referente ao segundo semestre de 2020. Alguns destaques do documento são:
O Sistema Financeiro Nacional está preparado para lidar com incertezas futuras ainda decorrentes da pandemia;
As instituições financeiras estavam bem capitalizadas para enfrentar a crise causada pela Covid;
A solvência do sistema bancário e o crescimento de crédito às pessoas físicas já voltaram ao nível pré-pandemia.
Fonte da imagem: https://english.alarabiya.net/coronavirus/2020/05/30/Coronavirus-50-pct-of-India-s-population-could-have-virus-by-December-says-expert-
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