Cenário internacional
A semana iniciou com uma polêmica no mundo do futebol. O anúncio da Superliga - campeonato idealizado por 12 clubes da elite europeia - parecia representar uma ruptura na atual gestão futebolística, atingindo diretamente a FIFA e principalmente a UEFA. A ideia, no entanto, carecia de preceitos básicos do esporte, como competitividade, meritocracia, diversidade e tradição. Basicamente uma panelinha de ricaços.
Os proponentes da nova liga eram:
Real Madri, Atlético de Madri e Barcelona, da Espanha;
Juventus, Milan e Inter de Milão, da Itália;
Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham Hotspur, da Inglaterra.
Mas os 12 magnatas se esqueceram de que o esporte é principalmente de torcedores e jogadores, dois stakeholders fundamentais que não foram envolvidos na concepção do projeto. A reação contrária foi intensa e imediata, causando a ruína da Superliga em poucos dias. Sanções disciplinares por parte da UEFA aos clubes rebeldes foram discutidas, mas aparentemente nada demais deve ocorrer. Segue o jogo.
Não só a imagem dos clubes participantes ficou arranhada. O poderoso banco estadunidense JP Morgan investiu pesado na ideia mirabolante: cerca de 3,5 bilhões de euros. Isso mostra que o pessoal nos Estados Unidos realmente ainda não sabe nada de futebol, ou melhor, soccer para eles. Faltou um analista brasileiro, argentino ou italiano para chamar a atenção do pessoal que aprovou esse investimento.
O COO da instituição, Daniel Pinto, declarou à Bloomberg que o acordo referente à Superliga foi "emocional". As ações do JP Morgan fecharam a semana com queda de -2,03%.
Apesar dos esforços de vacinação mundo afora, a pandemia não alivia os seus números. A alta global recente de novos casos e mortes foi puxada pela Índia, que vive o seu pior momento e é o epicentro atual da Covid.
Não se sabe se o festival religioso comentado no panorama anterior - no qual centenas de pessoas mergulharam no Rio Ganges sem máscara - contribuiu para o atual estágio crítico da pandemia no país.
A semana também teve a Cúpula do Clima, evento que antecede a COP26 que acontecerá em novembro deste ano. A reunião virtual contou com dezenas de líderes mundiais e marcou a volta dos Estados Unidos à mesa de discussão sobre as mudanças climáticas depois de uma longa ausência sob Trump.
O presidente Biden anunciou planos ambiciosos para zerar as emissões de gases de efeitos estufa pelos Estados Unidos até 2050. O país é o segundo maior responsável global nesse quesito, atrás apenas da sua rival estratégica, a China.
Além disso, o presidente estadunidense atraiu os holofotes por uma proposta de aumento de impostos sobre ganhos de capital que deve ser anunciada em breve. A alíquota, que hoje está em 20%, iria para 39,6%. Para os investidores, menos dinheiro no bolso; para os mais ricos, a carga tributária pode chegar a 43% (!).
Parece que a fatura dos pacotes trilionários de estímulo tão comemorados pelo mercado chegou.
Calma Biden, semana que vem Powell atrai os holofotes para si com a decisão de taxa de juros do Fed.
Cenário doméstico
Voltando à Cúpula do Clima, o Brasil participou em uma posição desprivilegiada devido à crescente devastação da Amazônia, fato agravado pela inércia do governo. O discurso de Bolsonaro foi encarado com pouco crédito por parte das demais lideranças e comprovou que o país realmente vive uma situação de "pária" internacional, bem diferente da imagem construída por décadas baseada em uma tradição diplomática hábil e técnica.
É claro que fica difícil também levar a sério um país cujo Ministro do Meio Ambiente fala em "passar a boiada" ao se referir à regulação ambiental.
Outro assunto que vinha tomando conta do noticiário era o Orçamento federal de 2021, o qual foi sancionado por Bolsonaro com vetos que, neste momento, preservam o teto de gastos.
A nota triste fica por conta do Censo, que não ocorrerá em 2021 por falta de recurso. O importante é que os R$ 17 bilhões em emendas parlamentares foram mantidos.
Prioridades são prioridades.
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