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[Semana 13/52] Panorama semanal

A última semana marcou o encerramento do primeiro trimestre de 2021 (e que trimestre!). Sim, já se passou 1/4 do ano, 25% do período.


Vale, portanto, analisar os acontecimentos dos últimos dias à luz do que já vem ocorrendo desde o início de 2021.


Cenário internacional


Nos Estados Unidos não faltaram acontecimentos relevantes no primeiro trimestre. A histórica invasão ao Capitólio por uma turba de fanáticos trumpistas marcou o início de janeiro e lançou preocupações sobre a transição de poder para o recém-eleito Biden. O democrata, no entanto, assumiu o posto sem maiores problemas.


Apesar do nível de incerteza sobre a recuperação da economia estadunidense, os dados do país têm dado bons sinais e a vacinação avança em ritmo pujante para um país extenso e populoso.


O mercado de trabalho pode ser apontado como o destaque positivo da economia dos Estados Unidos no período: em fevereiro e março, a geração de empregos medida pelo Payroll veio muito (mas muito) acima da expectativa. A exceção foi janeiro, cujo resultado pode ser considerado em linha, apesar de levemente inferior ao esperado na ocasião.


Não obstante os sinais de uma vigorosa retomada na economia estadunidense, existem motivos de preocupação. Uma narrativa que predominou no mercado durante os primeiros meses de 2021 foi o receio com a reflação, decorrente de uma combinação de política monetária extremamente estimulativa e gastos fiscais expressivos por parte do governo.


O Fed tem mantido a sua postura dovish, enquanto Biden parece ignorar o temor dos investidores: o presidente não só emplacou um pacote fiscal de mais de um trilhão, como também anunciou um projeto de infraestrutura que beira os US$ 2 trilhões.


Haja força política e orçamentária para tanto estímulo.

 

Aqueles que esperam histórias de loucura vindas de Wall Street dificilmente se decepcionaram nesse primeiro trimestre.


É impossível ignorar a história dos autoproclamados "degenerados" do Reddit, que jogaram nas alturas o preço da Gamestop, varejista de jogos com perfil financeiro duvidoso. Quem se deu mal com o movimento foram os hedge funds que estavam vendidos de forma alavancada no papel e sofreram perdas expressivas. Tadinhos.


Mas é claro que o preço da ação dificilmente se manteria nos patamares alcançados durante a manobra sincronizada da comunidade r/wallstreetbets. A Gamestop foi da Terra à Marte, voltou pra Terra, subiu à Lua e agora está no meio do caminho. A perspectiva futura desse ativo? Prefiro nem arriscar.

 

A constipação do comércio internacional durou menos do que os pessimistas esperavam. O Canal de Suez foi liberado após o desencalhe do navio Ever Given, trabalho que teria sido muito mais penoso não fosse a ajuda da Mãe Natureza. A superlua do domingo passado elevou a maré na região e contribuiu para que os engenheiros responsáveis desobstruíssem a importante via marítima na última segunda.



Cenário doméstico


Se em três meses não acontece uma notícia bombástica no Brasil, alguma coisa está errada. Frenesi no ambiente político, economia trôpega e um quadro extremamente triste da pandemia que assola o país dominaram o noticiário no primeiro trimestre de 2021.


O presidente Bolsonaro tem se mostrado cada vez menos preocupado com as regras do jogo cívico. O mandatário realizou uma intervenção brusca na Petrobras com a troca do CEO da estatal, levando as ações da empresa a uma queda vertiginosa. Houve pressão também sobre o presidente do Banco do Brasil, que acabou resignando pouco tempo depois.


Além disso, Bolsonaro promoveu uma minirreforma ministerial com a demissão de Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa). Lideranças das Forças Armadas resignaram em seguida, causando uma verdadeira dança das cadeiras em Brasília.


Toda essa movimentação ocorre há pouco mais de 1 ano e meio para a próxima eleição presidencial. O cenário atual da administração Bolsonaro é de queda na popularidade devido ao péssimo gerenciamento sanitário em meio à pandemia, economia fragilizada e entrada de Luiz Inácio Lula da Silva no páreo após a anulação das suas condenações relacionadas à Lava Jato. O ambiente político nacional promete nos próximos trimestres.


Em relação à pandemia, o primeiro trimestre foi extremamente difícil no Brasil, culminando no trágico mês de março, o mais letal desde a chegada da Covid no país. O período foi marcado por recordes diários de mortes e internações. A vacinação ainda progride em marcha lenta e alcançou recentemente a faixa etária dos 60 anos em alguns centros urbanos, mas exemplos como Israel e Chile mostram que a imunização, por si só, não tem o poder de "bala de prata" sobre o vírus.


Na última semana, viralizou a mensagem do prefeito de Mongaguá (SP), na qual o político transpareceu a dor da perda decorrente da pandemia e a defesa da prioridade absoluta da vida sobre a economia, algo que nem o governo e nem parte da classe empresarial parece entender.


Que os próximos trimestres de 2021 sejam melhores.


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