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[Semana 10/52] Panorama semanal


Cenário internacional


Estados Unidos: O trilionário pacote de estímulo fiscal proposto por Joe Biden foi aprovado e assinado nessa semana, sacramentando o primeiro grande ato econômico do novo presidente estadunidense.

O programa prevê, entre outros investimentos massivos, o envio de cheques de até US$ 1.400 para a maioria dos cidadãos do país. A expectativa é de que o direcionamento desses recursos dê mais um empurrãozinho (ou um baita empurrão) na recuperação dos Estados Unidos, que já tem sido confirmada em dados mais recentes como a queda sustentada dos pedidos semanais de seguro-desemprego e o último resultado do Payroll.


É provável que uma consequência desse programa seja o aumento da inflação derivado de uma demanda maior das famílias, algo que já preocupa alguns setores do mercado financeiro há um tempo. O FOMC se reúne na próxima semana para a decisão de taxa de juros (tendência é de manutenção no patamar de 0% a 0,25%) e esse tema deve ser assunto do comitê do Fed.


Em relação aos índices amplos de ações do país, como S&P 500 e Dow Jones, a performance semanal foi positiva. Quem chama a atenção, no entanto, é o Nasdaq 100, composto por empresas do setor de tecnologia dos Estados Unidos.


A volatilidade recente desse índice é vertiginosa. A Bloomberg reportou que a frequência de pregões com variação superior a 1% tem sido cada vez maior no Nasdaq 100. Para os investidores que detém ativos do índice na sua carteira ou traders que fazem operações intradiárias nos papéis do Nasdaq: Haja coração.

Obtido via post de Mohamed El-Erian no LinkedIn



Cenário doméstico


Uma notícia no decorrer da semana mexeu (e muito) com o cenário político nacional. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve todas as suas condenações judiciais anuladas em decisão conduzida pelo ministro do STF Luiz Edison Fachin. Com isso, o petista fica elegível novamente a cerca de um ano e meio para a próxima disputa eleitoral.


Com a entrada desse personagem no jogo eleitoral de 2022, é inevitável o ato de realizar cálculos e projeções referentes à essa disputa.


1 - Como Lula chegaria em 2022?

Forte. Apesar de ser uma figura com histórico de casos de corrupção e que desperta profunda rejeição na direita, Lula tem grande apelo popular e lideraria uma esquerda resignada por um processo de impeachment turbulento, crise socioeconômica e quatro anos de um governo que não fez qualquer esforço de conciliação com as ideias da oposição até o momento.


2 - Como fica o tabuleiro político?

Imagine 2022: Bolsonaro liderando a direita mais "hardcore"; Lula praticamente unificando os esforços da esquerda; Marina Silva defendendo sua pauta ambiental e sem qualquer condição de fazer frente aos dois; um(a) candidato(a) de centro e amigo(a) do empresariado brasileiro (talvez Huck ou Dória); Ciro Gomes representando uma alternativa da esquerda à Lula e um personagem caricato para fazer graça nos debates como o Cabo Daciolo em 2018.


Considerando o "núcleo duro" de eleitores bolsonaristas e lulistas, um segundo turno entre os dois populistas seria muito provável, algo que assusta o Mercado, inclusive (mais sobre isso adiante).


Uma questão relevante é o centro, que pode ficar órfão caso ambos os candidatos decidam radicalizar de vez em um clima de forte polarização.


No caso, João Dória já trabalha para vestir essa camisa em 2022. O governador tucano tem procurado adotar uma postura proativa no combate à pandemia em São Paulo e também lançado mão de frases de efeito ("Mesmo que isso custe a minha popularidade", sobre as restrições impostas essa semana). Dória espera colher os dividendos políticos na eleição presidencial do ano que vem, mas o governador paulista ainda não é consenso dentro do seu próprio partido.


Outro nome forte é Luciano Huck, que tem criticado de forma contundente o atual governo na condução do combate à pandemia e desmatamento da Amazônia. Huck já flerta com a possibilidade de se candidatar à presidência há algum tempo, mas em 2022 o apresentador parece realmente abraçar a ideia. Sua equipe tenderia a contar com nomes afáveis para o empresariado brasileiro, como Armínio Fraga, ex-presidente do Bacen e sócio-fundador da Gávea Investimentos, para a condução da equipe econômica, por exemplo.


3 - O que pensa o "Mercado"?

Pensar na possibilidade de um governo petista assumir o Brasil na atual condição fiscal deixa qualquer farialimer suando frio dentro do seu coletinho. No dia da notícia referente à decisão de Fachin sobre Lula, o Ibovespa desabou quase -4,%. O índice brasileiro fechou a semana com queda de -0,9%, a 114.160 pontos.


Para os investidores existem duas versões do ex-presidente: o Lulinha Paz e Amor de 2002 e o Lula que ajudou a degringolar as contas públicas a partir do final do seu segundo mandato e durante o período Dilma. A dúvida dos investidores é qual versão estará presente no ano que vem.


Mas nem todo financista tem medo do petista. Mark Mobius, denominado "guru dos emergentes", declarou que um governo Lula não seria necessariamente ruim para os mercados. Só resta aguardar as cenas dos próximos capítulos.


Mas toda essa discussão não passa de um exercício de projeção do futuro. Levando em conta o cenário e histórico do Brasil, ainda há um oceano para rolar debaixo dessa ponte. E como dizem os investidores gringos: "In Brazil, you can't even forecast the past"(no Brasil, você não consegue nem prever o passado).


Enquanto isso, a inflação medida pelo IPCA nos últimos 12 meses se aproxima perigosamente do teto da meta perseguida pelo Banco Central. Quando o indicador foge do intervalo de tolerância, o presidente da instituição monetária deve escrever uma carta para o Ministério da Economia justificando a questão, algo que Roberto Campos Neto certamente não está entusiasmado em fazer.


O resultado divulgado há uma semana da decisão de taxa de juros praticamente confirma que a SELIC deve sofrer um ajuste para cima. Resta saber agora em quantos pontos-base.

Obtido via post da instituição no LinkedIn


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