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La Calunnia (1495): Sandro Boticelli

La Calunnia (tradução: A Calúnia, também conhecida como A Calúnia de Apelles) é uma pintura de Boticelli elaborada no fim do séc XV. Apesar do aspecto original e peculiar da obra, trata-se de uma tentativa de reproduzir uma suposta pintura de Apeles - renomado artista da Grécia Antiga e retratista de Alexandre, o Grande - que teria sido falsamente acusado de conspirar contra um rei do Egito Ptolemaico. Daí o tema de calúnia.

Muitos personagens são representados na pintura, cada um com a sua função e propósito:


  • Rei: homem sentado no trono cercado por duas mulheres, as quais simbolizam a Ignorância e a Suspeita. Um detalhe interessante é que ambas seguram as orelhas do soberano, as quais se assemelham a de um burro, indicando ingenuidade e estupidez, reforçando o fato de ser uma pessoa suscetível a manipulações;

  • Inveja: o homem logo adiante do rei com aspecto sombrio;

  • Calúnia: figura feminina central que aparece com boas vestimentas e puxa a vítima do infortúnio pelos cabelos. Ela também segura uma tocha acesa;

  • Fraude e Engano: as duas mulheres que acompanham e afagam a Calúnia;

  • Vítima: homem seminu e com as mãos juntas em posição de súplica, representando vulnerabilidade;

  • Arrependimento: mulher vestida de preto que vem logo após o homem arrastado com feição de desaprovação;

  • Verdade: figura nua e luminosa no canto da obra, representando pureza e transparência.


Interpretação: a Inveja precede a Calúnia, a qual tem uma compleição bela e ludibriadora. Em torno dela, aspectos de desonra tornam o cenário ainda mais miserável para a Vítima, como a Fraude e o Engano. Em relação à parte que julga o caso, a Ignorância e a Suspeita podem nulificar o discernimento, ainda mais se a pessoa já apresenta uma falta de entendimento (em termos informais, "burrice"). O conluio é alvo de questionamento por parte do Arrependimento, que olha para a Verdade enquanto esta eleva os olhos aos céus reivindicando intervenção divina.


É impossível não notar a semelhança entre a Verdade aqui e a deusa do Amor retratada pelo mesmo Boticelli como uma mulher ruiva e nua na sua obra mais famosa: O Nascimento de Vênus (1483).

Não há motivo para não pensar que, para o artista renascentista, Justiça e Amor eram duas virtudes similares e inseparáveis.


"A Calúnia" está situada na Galleria degli Uffizi em Florença, na Itália.

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