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[Semana 46/52] Panorama semanal

A imagem de capa é a pintura "Touro Agonizante" (Dying Bull) de Picasso (1934), uma representação mais fidedigna da bolsa brasileira nos últimos meses em comparação com a estátua recém-inaugurada.

 

Representante do mercado em alta e otimismo dos investidores, o touro certamente foi a melhor imagem para representar o Nasdaq (IXIC) - índice das empresas de tecnologia dos Estados Unidos - que pela primeira vez na história fechou acima dos 16.000 pontos considerando o fechamento de sexta (19/11). O desempenho inédito foi na contramão dos tradicionais S&P 500 e Dow Jones, que fecharam o último pregão da semana em queda.


Outro recorde histórico no mundo das Finanças durante a semana foi a depreciação da lira turca frente ao dólar. A moeda sofreu uma desvalorização semanal de 12% após a última decisão do banco central da Turquia: corte de 100 pontos-base na taxa de juros, de 16% para 15%, em meio à uma inflação próxima de 20%, ou seja, um absurdo do ponto de vista monetário.


A instituição do país está longe de ser autônoma, por isso, esse tipo de decisão choca, mas não surpreende. O chefe de Estado, Recep Erdogan, é um forte adepto do estímulo monetário e demite qualquer funcionário do banco central que discorde da sua postura. Inclusive, é sob a sua tutela que a lira turca acumula uma desvalorização de 65% frente ao dólar nos últimos quatro anos.


Considerando a possibilidade de alta de juros pelo Fed entre 2022 e 2023, o cenário pode ser ainda pior para os cidadãos turcos, que veem o seu poder de compra derreter dia após dia. A lira assumiu o posto de pior moeda emergente neste ano após essa sucessão de perda de valor.


Quem também caiu na semana foi o Ibovespa. O índice brasileiro teve queda de -3% na semana, devolvendo o ganho acumulado das duas anteriores. O fechamento de sexta aos 103.035 pontos é o pior de 2021 e representa uma queda de -21,5% em relação à máxima histórica registrada em junho.


Esses números tornam ainda mais icônica (ou irônica?) a inauguração do touro de ouro em frente ao prédio da B3. O símbolo de otimismo do mercado, que está presente em diversos centros financeiros do mundo (Wall Street é apenas um dos exemplos), causou discussões e protestos.


Certamente, a intenção da estátua passou longe de ser uma "afronta por parte dos ricos", apesar da interpretação de alguns setores da sociedade nesse sentido. A rejeição ao símbolo, que por si só não representa uma hierarquia ou poder dos magnatas, reflete o estado de nervos de uma sociedade polarizada, desigual e que entende muito pouco (ou quase nada) do propósito da Bolsa de Valores.


No final das contas, o touro ficou no quintal e o urso (símbolo do pessimismo no mercado) tomou conta da casa. Talvez a imagem de Picasso represente melhor o Ibovespa nesse momento. Nada contra a imagem do touro, inclusive, o de Shenzen (China) parece ser um animal tão simpático que faz até postura de ioga (Ardha Halasana - postura do meio arado).

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