Cenário internacional
Estados Unidos: Uma cerimônia com forte esquema de segurança e tensão. A posse de Biden não poderia ser diferente após a invasão do Capitólio ocorrida na primeira semana de janeiro. A transição de poder, no entanto, ocorreu de forma pacífica e ordeira. Deu até para o ex-candidato Bernie Sanders se sentir entediado e virar meme.
Pouco depois de assumir o posto presidencial, Biden recolocou os Estados Unidos no acordo climático de Paris e na Organização Mundial da Saúde, sinalizando que o Tio Sam voltará a ter mais presença internacional. A China certamente está de olho na postura do novo governo estadunidense visando proteger e expandir a sua esfera de influência geopolítica.
Nos próximos dias, espera-se do novo presidente algumas definições em relação à economia do país. O mercado aposta em mais estímulos fiscais e atuação incisiva na regulação de empresas de setores específicos como a de combustíveis fosseis, por exemplo.
Apenas a título de curiosidade, segue abaixo o desempenho do S&P 500 no primeiro ano de mandato dos últimos seis presidentes estadunidenses, considerando apenas primeiro termo e relevando o cenário macroeconômico que cada mandatário encontrou.
Pelo menos nos primeiros dias do novo governo os índices estadunidenses fecharam em alta. Qual será a classificação de Biden nesse grupo?
Fonte: Investing.com
"Didn't see that coming": No decorrer da semana foi divulgado o "The Global Risk Report 2021", relatório anual do Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum) sobre a percepção de eventos e tendências com potencial negativo baseada na visão de membros e parceiros do instituto internacional. O documento é interessante, visualmente bonito e, ironicamente, um retrato da incapacidade humana em prever o futuro com algum grau de acurácia.
Como demonstrado no relatório, as previsões dos especialistas não levavam em conta o risco global de doenças infecciosas antes da pandemia de Covid-19. As preocupações em anos anteriores estavam focadas em duas áreas principais: ambiental e tecnológica. E de fato, a aceleração do desmatamento da Floresta Amazônica com a sua consequente perda de biodiversidade, além dos ataques cibernéticos a grandes corporações e órgãos políticos representam grandes fontes de risco para a estabilidade global.
O documento aponta as seguintes dinâmicas de risco conforme o horizonte temporal:
Perigos atuais (curto prazo - 0 a 2 anos): doenças infecciosas e crise de moradia;
Efeito em cadeia (médio prazo - 3 a 5 anos): bolhas financeiras e colapso de infraestrutura tecnológica;
Ameaças existenciais (longo prazo - 5 a 10 anos): armas de destruição em massa e colapso estatal.
Cenário doméstico
Brasil: A tão aguardada (e tardia) vacinação teve início no país, mas com polêmicas. O pontapé inicial foi dado por João Dória, com quem o Ministério da Saúde trocou acusações e farpas. O governador de São Paulo tem aproveitado a ineficácia do governo federal na questão, além da erosão da popularidade de Bolsonaro, para fortalecer a sua imagem visando a eleição de 2022.
Além da politização da vacina, existe o desafio de manter o fluxo de insumos para a produção em escala dos imunizantes. Mais isolado do que nunca após a derrota de Trump, a administração Bolsonaro tem demonstrado péssima articulação internacional com a Índia (fornecedora da AstraZeneca/Oxford) e com a China (fornecedora da CoronaVac), que já foi atacada verbalmente em diversas ocasiões pela ala ideológica do governo.
Enquanto isso, a popularidade de Bolsonaro tem sofrido uma queda significativa e alguns setores da sociedade já começaram a articular um possível pedido de impeachment.
Quem não deve mais cair daqui pra frente é a SELIC. O Comitê de Política Monetária se reuniu no decorrer da semana e decidiu manter a taxa de juros na mínima histórica de 2,00%. O cenário, no entanto, é incerto. Com a inflação se elevando acima do centro da meta, risco fiscal e retirada do forward guidance, a SELIC pode subir já a partir das próximas reuniões.
No relatório FOCUS do Banco Central, a estimativa da taxa de juros para o final de 2021 é de 3,25%. Há quatro semanas, era de 3,00%.
O Ibovespa (117.380 pontos) fechou mais uma semana em queda, com retração de -2,47%. O dólar terminou o período cotado a R$ 5,48.
Na próxima semana tem decisão de juros do FOMC, PIB estadunidense (4T/2020), ata do COPOM e taxa de desemprego no Brasil.
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