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[Semana 20/52] Panorama semanal


Cenário internacional


Polêmico, especulativo e volátil. O mercado de criptomoedas tem atraído um crescente interesse de investidores e da sociedade. Para uns, ali reside o futuro das transações financeiras, para outros, trata-se de uma aposta sem fundamentos, tornando esse segmento o faroeste do mercado financeiro. Um terceiro grupo avalia essa classe de ativos apenas como um "tempero" especial para a diversificação do seu portfólio de investimento


Independente do grau de interesse/amor/ódio a esse mercado, as criptomoedas não passaram despercebidas no noticiário dos últimos dias. Os ativos tiveram uma de suas piores semanas da história, com criptomoedas mais conhecidas (Bitcoin, Ethereum) perdendo cerca de 50% do valor de mercado em questão de dias.



No Titanic das criptomoedas, quem tem capital alocado reagiu de duas formas: correu em desespero ou tocou o violino em meio ao naufrágio.



Vários fatores explicam o movimento nas criptomoedas, incluindo restrições da China, algo que não ocorre pela primeira vez.


O mais importante dos motivos por trás dessa queda foi o anúncio pelo CEO da Tesla, Elon Musk, de que a fabricante de carros elétricos deixaria de aceitar Bitcoins como forma de pagamento devido ao impacto ambiental da sua rede. Estranha a posição de Musk, considerado um entusiasta das cryptos e que realizou o movimento pioneiro entre grandes empresas estadunidenses de alocar parte do seu caixa em Bitcoin, uma decisão tomada há poucos meses. Além disso, o CEO da Tesla está longe de ser um arquétipo ESG.


Falando nisso, essas três letras estão cada vez mais presentes no mundo dos investimentos. Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) se refere a um conjunto de princípios e práticas voltados para a proteção da dignidade humana e da natureza no mundo empresarial.


Fato é que poucas pessoas sabem de fato o que é ESG. Outro fato é que pouquíssimas companhias aplicam esses princípios de verdade. Existe muita maquiagem nesse sentido, o que os especialistas chamam de "greenwashing", mas identificar isso não é trivial.


E o que isso tem a ver com o Bitcoin? A rede da criptomoeda dominante consome bastante energia elétrica, o que levanta questionamentos legítimos sobre a sua viabilidade e sustentabilidade no longo prazo.


  • O que dizem os críticos: o consumo de energia elétrica do Bitcoin é absurdo, já comparável a países pequenos e médios (Argentina, Suécia). No final das contas, esse uso de energia não serve para um propósito na economia real, mas sim para mera especulação.

  • O que dizem os defensores: O consumo de energia elétrica da rede não é um problema, pois a mineração se concentra em fontes baratas e até desperdiçadas de energia (arbitragem energética). O Bitcoin representa uma oportunidade de escape da repressão monetária e controles de capital, como ocorre em países autoritários (Venezuela, Turquia), além da própria inflação causada pelo excesso de liquidez provido pelos bancos centrais. Dizer que a criptomoeda não tem propósito real na economia é mero juízo de valor.


Com o crescente escrutínio ESG sobre ativos financeiros, o que inclui o mercado crypto, cada vez mais se questiona o quanto um sistema, negócio ou empresa é "verde". Outras criptomoedas são baseadas em estruturas que consomem menos energia e podem ser consideradas mais sustentáveis, no entanto, a dominância do Bitcoin e o baixo conhecimento dos investidores sobre esse mercado tornam difícil essa distinção.


Deixando de lado um pouco a beleza dos seus princípios, o ESG vai transformar o mercado financeiro para melhor ou fomentar uma onda de "cancelamentos" sem a base adequada?

 

Nos Estados Unidos, a semana também foi de alta volatilidade para os mercados mais "mainstream". O S&P500 fechou a semana em queda de -0,43% enquanto o Nasdaq teve alta de +0,31% no período.


No decorrer da semana foi divulgada a ata do FOMC referente à última decisão de taxa de juros. Os membros do comitê se mantém firmes sobre o prognóstico de que a reflação vivenciada atualmente é temporária, mas avaliam uma mudança de rota no ritmo de compra de ativos, um dos recursos do estímulo monetário sem precedentes que o banco central estadunidense tem realizado.


O balanço do Fed está na máxima histórica e o momento pode ser apropriado para o início do "tapering" (redução gradual) tão recomendado por parte dos analistas.

 

As boas notícias ficaram por conta da Índia, que viu uma redução na curva de novos casos de Covid, apesar do platô nas estatísticas de mortes diárias. No Oriente Médio, Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo após 10 dias intensos de bombardeios e mortes, a maioria palestina. Apesar do alento momentâneo, já se sabe que a trégua tem data de validade e está sustentada sobre uma paz frágil.



Cenário doméstico


Na CPI da Covid, foi a vez do ex-ministro Pazuello dar as caras, e duas vezes. O tão aguardado depoimento, no entanto, não trouxe muito insumo para a investigação além da contagem de mentiras realizada por Renan Calheiros, relator da CPI.


Na avaliação dos senadores, Pazuello atuou como escudo de Bolsonaro, eximindo o presidente do cancelamento de intenção de compra de milhões de doses da Coronavac. Sobre a sua atuação (ou inação) nas tratativas para a compra de vacinas da Pfizer em 2020, Pazuello, na época Ministro da Saúde, declarou que os militares não entram na negociação direta para compra de bens.


A respeito da crise sanitária ocorrida no Amazonas, um dos pontos nevrálgicos da CPI, Pazuello afirmou que o governo federal preferiu não intervir por considerar que a administração do estado tinha condições de fazer frente ao problema, previsão que se provou claramente equivocada. O ex-ministro foi confrontado por senadores amazonenses em vista das suas declarações.


A avaliação final é de que o general cumpriu o seu objetivo: não comprometeu Bolsonaro nem a si mesmo. Seu depoimento em geral foi evasivo e contraditório, mas isso já era esperado. A performance de Pazuello foi até elogiada pelo seu ex-chefe. Um manda, outro obedece.


O presidente Bolsonaro, por outro lado, tem preferido uma postura mais combativa, chamando a CPI de "vergonha nacional" e classificando de "idiotas" as pessoas que cumprem o isolamento social. Se sentiu xingado(a) aí?


Além disso, o presidente encontrou outro nome para a infame hidroxicloroquina: "o remédio que eu ofereci para a ema aí".


Mesmo em meio ao ruído político já característico do Brasil, o Ibovespa fechou a semana em leve alta de +0,58% a 122.593 pontos.


Apesar de acumular queda no mês, o dólar subiu forte frente ao real nos últimos dias e fechou cotado a R$ 5,37. Quem está sonhando com a Disney vai ter que aguardar mais.



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